Banco japonês incentiva funcionários a irem para casa mais cedo 'se multiplicar'
Publicada em 20/11/2009 às 21h33m
O Globo
RIO - Um dos maiores bancos japoneses, o Mitsubishi UFJ, quer que seus funcionários trabalhem menos. Na última segunda-feira, um e-mail foi distribuído aos empregados da instituição dizendo para que eles não fiquem fazendo hora extra e sugerindo que fossem para casa 'se multiplicar'.
A mensagem enviada aos funcionários diz textualmente para que evitem ficar até as 19h, como é usual, e incentiva-os a saírem "logo depois das 17h, para dar mais atenção à família"
" Entre os países mais desenvolvidos, a população do Japão é a que mais se contraiu "
A reportagem foi veiculada na última quinta-feira pelo jornal britânico "The Daily Telegraph". O apelo por uma jornada de trabalho mais leve, partindo dos próprios empregadores, parece fazer parte de uma campanha nacional que visa à reaproximação dos casais, a fim de promover um aumento nas taxas de natalidade do Japão, hoje uma das mais baixas do planeta.
Mas alguns especialistas dizem que não vai funcionar.
- Entre os países mais desenvolvidos, a população do Japão é a que mais se contraiu - disse Hideroni Sakanaka, diretor Instituto de Políticas de Imigração do Japão, que completou:
- Nós estamos envelhecendo na mais alta taxa, em comparação a todos os países membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Acredito há muito tempo que no lugar de tentar resolver este problema através de aumento da população, o Japão deveria aceitar mais imigrantes.
O governo japonês já tentara enfrentar o problema da estagnação dos índices populacionais oferecendo uma vasta gama de incentivos, como aumento de salário para os pais e construção de creches e auxílio-babá, para mulheres continuarem a trabalhar. Mas esses esforços quase não surtiram efeito.
As estimativas indicam que o número de crianças nascidas em relação ao período de vida das mulheres é de 1,21, uma queda nas estimativas de 2007, que apontavam nascimento de 1,34 criança por tempo de vida das mulheres. De acordo com as autoridades, este número não é suficiente para 'repor' o número de pessoas que morrem a cada ano.
Se este ritmo de natalidade for mantido, em 50 anos a população japonesa será reduzida a 40 milhões de pessoas, um terço da população atual.
- Neste momento, a economia japonesa e vários outros aspectos da vida aqui estão sendo afetados pelo problema demográfico. A força do Japão em relação ao mundo está minguando - alertou SakanaKa.
O banco Mitsubishi tem a esperança que as horas extras feitas em casa pelos casais - e não na instituição, trabalhando - serão capazes de reacender a paixão entre eles. Também há a expectativa de conseguir mostrar aos pais, que ficarão mais tempo em casa, como pode ser gratificante exercer a função de pai e não apenas de executivo.
Mas Sakanaka se mantém pessimista.
- Eu continuo acreditando que essa campanha para encorajar as pessoas a procriarem chegou muito tarde ao Japão.
Se o número de bebês não aumentar, talvez o Mitsubishi ao menos consiga um lugar na lista das melhores empresas para se trabalhar no mundo.
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